sábado, 24 de dezembro de 2011

As sete mortes de Amarildo Júnior


Imagem obtida em Humor em Pânico


Na primeira vez que Amarildo Júnior morreu
Ainda era tenra criança
Que viu uma triste quebra de aliança
E se pôs a recortar fotografias à espera de Morfeu.
Mas, não sabe-se o porquê, alguns de nossos guris
Não são logo requisitados pelo além
Ou porque Deus quer querubins,
Ou por outro motivo que não cabe a ninguém,
Pois Ele prefere mantê-lo em segredo.

Já aos dezesseis, ele morre por Amor.
Não, não, não: esqueça o triste verso anterior!
A segunda morte não foi por Amor, mas por Traição;
Que o levou a atentar contra seu suspiro,
Porém sem forca, corte ou tiro
(Nada disso ele fez naquele dia)
E, por não morrer com convicção,
A Mansão dos Mortos o devolveu por covardia.

Na terceira vez que a Morte levou Amarildo
Pegou-lhe sem prévio aviso
E, na hora de navegar os rios de Hades,
Não tinha nenhuma moeda para pagar o barqueiro
(À travessia não bastavam suas maldades).
Então, como poder atravessar o Aqueronte
Se não se tem como pagar o serviço de Caronte?
Assim, a Morte o devolveu - acreditem -, por falta de dinheiro!

Quando a Terra lhe abriu a boca pela quarta vez
Ele se jogou com todos seus devaneios
Como quem se joga ao Amor preso aos seios
Da última amada que lhe oferece a tez,
E pela orla dos rios caminhou sozinho
Até chegar ao letreiro de Dante
Que indica a Porta da Perdição
E lhe faz refletir sobre ir adiante
Ou suplicar por perdão
Ao Santo dos Santos, Protetor do Andarilho,
Que não lhe permitiu seguir a andança
Pois em seu coração ainda havia verde Esperança.

Na quinta vez, Deus já não interveio
E a overdose lhe fechou o olho
(O mesmo em que o álcool se fez lágrimas).
Assim ele explorou os círculos do inferno,
Com penitências mínimas
E suficientes para resolver seu conflito interno,
E mais uma vez a Porta da Morte lhe abriu o ferrolho.

Agora, na sexta vez que o Anjo da Morte lhe der a benção,
Deverá escolher bem o lugar que o vai jogar,
Se no Céu ou Purgatório,
Pois o inferno lhe tornou homem
De bom humor e fácil parlatório
Que às mulheres e noites consomem.
Mas, além da sexta, será necessária sétima Morte
Que possa matar seu coração forte
E colocar sua bagunça em ordem
O que já não é muito, e por isso exclama: no problem!

Belém/PA, 24 de dezembro de 2011
(Dom Aquiles Crowley)

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Fora, Temer!