sexta-feira, 24 de junho de 2011

GesLinguística - O Idioma da Gestão: Carreira Profissional - "Quem não é visto não é lembrado"


Carreira profissional é um processo pelo qual as pessoas passam e que apresenta algumas lacunas, sendo constituída pela sequência de posicionamentos ao longo da vida profissional do indivíduo, que compreende basicamente 5 estágios: evolução para a idade adulta, transição de meia idade, ponto alto da carreira, declínio, e reposicionamento ou aposentadoria. Dentro desse processo, existem múltiplas opções e diversas oportunidades que podem dificultar o desenvolvimento da carreira, e, por isso, é necessário ao profissional o autoconhecimento, possibilitando, com o conhecimento de suas características e de seus anseios, a melhor escolha do campo de atuação e dos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para atuar no campo escolhido.

Após a realização do autoconhecimento, o profissional deve identificar as oportunidades de carreira que melhor se relacionam ao seu perfil, e em seguida definir os objetivos de carreira e elaborar o plano de ação, que deve ser o instrumento de transição entre a situação atual e o futuro que se pretende alcançar. Durante esse processo, é importante que o indivíduo tenha consciência de quais recursos necessitará e quais já detém, buscando o aprendizado com as experiências passadas, evitando a repetição de erros do passado. Também é necessário identificar quem pode ajudar, tendo consciência da importância de obter ajuda.
Outro aspecto importante no entendimento do que é carreira profissional é a noção clara de que a casa, as instituições de ensino, os locais de lazer e o trabalho constituem o palco de atuação das pessoas e que, nesse palco, a comunicação constitui fator importante, com 55% dela relacionado à apresentação corporal (gestos e vestimentas, por exemplo), e os 45% restantes sendo divididos entre o modo como se fala (38%) e o conteúdo do que se fala (7%). Logo, a carreira profissional deve ser encarada como fator de grande importância, e por isso deve ser administrada pois, além do valor financeiro que esta gera, há ainda sua relação com a identidade pessoal do profissional e o seu bem-estar físico e mental.

(Texto baseado no conteúdo ministrado na palestra "Carreira Profissional: como construí-la" pelo Adm. João Gomes, diretor da JBS Corretora de Seguros, durante a Jornada do Empreendedor 2011 da Faculdade Ideal - FACI.)

"Na ciência dos cuidados fui treinado"

HOJE
Irises, 1890 - Vincent van Gogh (1853-1890)

O que menos quero pro meu dia
polidez, boas maneiras.
Por certo,
               um Professor de Etiquetas
não presenciou o ato em que fui concebido.
Quando nasci, nasci nu,
ignaro da colocação correta dos dois pontos,
do ponto e vírgula,
e, principalmente, das reticências.
(Como toda gente, aliás...)

Hoje só quero ritmo.
Ritmo no falado e no escrito.
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha-dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.

Não está prevista a emissão
de nenhuma “Ordem do dia”.
Está prescrito o protocolo da diplomacia.
AGITPROP – Agitação e propaganda:
Ritmo é o que mais quero pro meu dia-a-dia.
Ápice do ápice.

Alguém acha que ritmo jorra fácil,
pronto rebento do espontaneísmo?
Meu ritmo só é ritmo
quando temperado com ironia.
Respingos de modernidade tardia?
E os pingos d’água
dão saltos bruscos do cano da torneira
                e
passam de um ritmo regular
para uma turbulência
                aleatória.

Hoje...
(Waly Salomão, 1944-2003)

O título é um verso de uma das vinhetas gravadas por Waly para o cd "O Silêncio Q Precede O Esporro", da banda carioca O Rappa.

domingo, 19 de junho de 2011

Van Gogh, a Tragédia e a Cor: Wheatfield with Crows

Wheatfield with Crows, 1890 - Vincent van Gogh (1853-1890)


"Já fazem agora talvez cinco anos, não sei ao certo, que vivo mais ou menos sem lugar, errando aqui e ali. Agora vocês dizem: desde tal ou qual época você caiu, você se apagou, você não fez mais nada. Será que isto é totalmente verdade?
É verdade que ora ganhei meu pedaço de pão, ora ele me foi dado por bondade de um amigo; vivi como pude, nem bem nem mal, como dava; é verdade que perdi a confiança de muitos; é verdade que minha situação pecuniária está num  triste estado ; é verdade que o futuro me é bem sombrio; é verdade que eu poderia ter feito melhor; é verdade que meus próprios estudos estão num estado lamentável e desesperador, e que falta mais, infinitamente mais do que o que tenho. Mas vocês chamam isso de cair, de não fazer nada?"

(Vincent van Gogh, Wasmes, julho de 1880)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Homenageio gente que eu admiro - Black Alien: o homem que não sabe o tamanho que tem

Gustavo de Almeida Ribeiro (Black Alien) - "Ele é o Chico Buarque do Rap" (BrunoTorres)

Nessa nova série de postagens, o Monkey Club decidiu apresentar um pouco das pessoas que influenciam seu pensamento e modo de ver o mundo, sejam músicos, pintores, intelectuais, atores, stripers ou anônimos que, de algum modo, são admirados pelo autor do blog. E essa lista é relativamente numerosa, indo da primeira personalidade que será apresentada, o rapper e raggaman brasileiro Gustavo de Almeida Ribeiro (mais conhecido como Black Alien), à pin up e artista burlesca Dita Von Teese.
A escolha por iniciar essa série falando de Black Alien foi motivada tanto pelo fato das músicas desse cantor nascido em São Gonçalo e criado em Niterói (cidades do Rio de Janeiro) estarem muito presentes em minha vida nos últimos dias, como pelo título atribuído à série ter sido tomado de um trecho da música Caminhos do Destino, onde o rapper afirma “Homenageio gente que eu admiro:/Chico Buarque, Van Gogh, Robert De Niro/Francisco França, Mauro Mateus/Nobres e plebeus que foram ao encontro de Deus (...)”, em que, coincidência ou não, são citados nomes de personalidades que também são admiradas pelo Monkey Club (aliás, cabe acrescentar que um dos motivos da mudança do nome do blog de AParáTto para Monkey Club foi influenciado por um verso da música Jah Jah Overall, de Black Alien, mas isso é outra história) e que poderão figurar como tema de algumas das próximas postagens da série.
Gustavo de Almeida Ribeiro é de uma família de posses mas, por ser negro, sofria discriminação do círculo social da zona sul, predominantemente branco. Por outro lado, a parte menos favorecida de sua família também o via como estranho, mas, neste caso, a causa era sua melhor condição financeira.
Educado nos melhores colégios de Niterói, Black Alien fala inglês fluentemente desde os 12 anos de idade e, aos 15 anos, fez um tour por 8 países europeus, visitando museus e mantendo contato com culturas diferentes. Skatista amador antes de começar a cantar, subiu ao palco pela primeira vez em setembro de 1993, quando foi convencido pelo rapper niteroiense Cláudio Márcio, conhecido como Speed Freaks e assassinado em 26 de março de 2010, que tinha ouvido uma rima que Gustavo gravou junto com o DJ Rodriguez, a deixar o emprego de comissário de bordo na Varig e se dedicar à música. Nesse ano, Speed, na época Speed Gonzalés, DJ Rodriguez e Gustavo, que na época adotou o nome artístico de Bulletproof devido o episódio em que saiu ileso de um tiroteio, lançaram uma demotape intitulada Speedfreaks (homônimo da banda), com forte influência do estilo musical conhecido como freestyle, e se apresentaram durante os anos 1990 com artistas como Afrika Bambaataa, De La Soul, Beastie Boys, Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nação Zumbi, Otto, Marcelo D2, dentre outros, dando notoriedade à musicalidade apresentada e vindo a se separar no ano de 1996 devido seus constantes desentendimentos.

"Um dia, um cara me interpelou dizendo que tinha ouvido a minha fita. Se apresentou como Speed.
Disse que era sinistro, que eu tinha que ser aquilo, para eu tocar na banda dele. Na real, me deu uma vontade de bater nele.
Mas eu disse: 'não, eu não sou artista. Sou só um maluquinho que escreve letra'.
Aí ele mandou: 'vai tomar...' Eu não acreditei, e falei: 'o quê?'. Ele mandou de novo! Não acreditei.
Eu tava com o skate na mão, uma  arma branca, né? Aí ele mandou: 'beleza, Tom Jobim é só um maluquinho que toca piano.'
Porra, Tom Jobim e eu na mesma frase, já achei maneiro".

Entretanto, Ribeiro despontou para o grande público brasileiro durante o tempo que desenvolveu seu trabalho com a banda Planet Hemp, na qual participou de três discos (participação no álbum Usuário – 1995, e como músico contratado nos álbuns Os Cães Ladram E A Caravana Não Para – 1997, e A Invasão Do Sagaz Homem Fumaça – 2000). A contratação de Gustavo pela banda ocorreu após a saída de BNegão do grupo, que foi integrar a banda Funk Fuckers e indicou o rapper niteroiense para substituí-lo devido ser a pessoa mais familiarizada com as letras das músicas.
Paralelamente ao Planet Hemp, Gustavo desenvolveu um projeto intitulado de Black Alien, em que era responsável pelo vocal, violoncelos e percussão, enquanto o DJ Rodriguez ficava nos scratchs. Com duração de cerca de um ano, o projeto foi finalizado e Gustavo pediu autorização ao DJ Rodriguez para adotar Black Alien como seu nome artístico.
No ano de que 1999, Black Alien volta a tocar com Speed, formando a dupla Black Alien & Speed, que grava o álbum Na Face, com produção de Carlo Bartolini, durante os anos 2000 e 2001 em São Paulo. De acordo com algumas afirmações, o álbum nunca foi lançado, embora grande parte das músicas possam ser acessadas pela internet, devido as divergências musicais entre os três envolvidos (Speed queria algo mais parecido ao RAP dos anos 1980; Gustavo preferia a proximidade com o ragga; e Carlo Bartolini desejava um trabalho com mais rock). Outra suposta causa do não lançamento do álbum seria a morte de Lucy Vianna, ex-esposa de Herbert Vianna (Os Paralamas do Sucesso), que seria a futura empresária da dupla.

"Eu confronto os dragões
Os truques por trás dos batuques
Os vilões por trás dos violões
Os impostores por trás dos tambores
O sindicato de ladrões
Falsos produtores, safados atrás dos cifrões
Os empresários e políticos enchem os caminhões
Containers e vagões
Ganham milhões e milhões por terra, mar e ar
O negócio é faturar
Black Alien no estilo Solana Star
Quando a situação é grave, se organizar
Concentração é a palavra-chave
Doa a quem doer, eu não acredito em você
Não acredito no sucesso, não acredito na TV
Não acredito no que me vem impresso
Acredito em ordem e progresso
Quando o povo tem acesso ao ingresso
Então dá um dois no kunk
A válvula de escape pro motor de arranque"
(Trecho da música Umaextrapunkprumextrafunk - Black Alien)




Versátil, despojado e de uma capacidade incomum de vocalizar em diferentes tons, Black Alien lançou no ano de 2004, pela Deck Disc, seu primeiro disco solo. O disco é intitulado Babylon by Gus – Vol. 1 – O Ano do Macaco, remetendo ao LP Babylon by Bus (1978), do cantor jamaicano Bob Marley, e ao horóscopo chinês, em que 2004 representa o ano do macaco que, segundo o próprio Black Alien, é muito bom para as mentes criativas. Composto por 12 faixas autorais, Babylon by Gus traz em suas letras temas que vão desde a violência, presente em faixas como Estilo do Gueto, ao romantismo, que marca presença na faixa Como Eu Te Quero.

Essa demora de 11 anos para o lançamento de seu primeiro CD solo tem explicação: Black Alien esteve envolvido em diversos projetos desde 1993 e, embora tivesse material disponível para o lançamento de um trabalho, optou por criar novas canções, alegando ter mudado muito durante os 11 primeiros anos de carreiras. Dentre estes projetos, pode ser citada a já mencionada banda Planet Hemp e a dupla Black Alien & Speed, e também a big band Reggae B, fundada em 2001, a qual o cantor integrou junto com Bi Ribeiro e Bidu Cordeiro, baixista e trombonista dos Paralamas do Sucesso, respectivamente, e onde eram trabalhadas músicas do lado B do reggae, ritmo que, de acordo com Gustavo, conheceu primeiro do que o Rap, juntamente com suas vertentes ragga e dub.
E, além dessas atividades, Black Alien também fez inúmeras participações em álbuns de outros artistas, como Charlie Brown Jr., Raimundos, Paralamas do Sucesso, Sabotage, Rappin Hood, Banda Black Rio, Carlos Lyra, Fernanda Abreu, DJ Marcelinho da Lua, NatiRuts, Ultramen, e, mais recentemente, nos álbuns Alegria Compartilhada, da banda Forfun, e Desorientado, do grupo de RAP Oriente, ambos em 2011. Outro ponto importante na carreira do rapper de Niterói foi a participação no CD Baião de Vira Mundo – Tributo a Luiz Gonzaga, onde canta a música Vozes da Seca junto com Speed e Rica Amabis. Com toda essa atividade, Black Alien ainda consegue tempo para apenas compor, como é o caso da música Eu Não Quero Brigar Mais Não, faixa do álbum Intimidade entre estranhos (2008) de Frejat.
Considerado intelectual do Rap, Black Alien gosta de cinema, que inclusive apresenta muita influência em sua maneira de compor (que frequentemente apresenta letras de músicas como se fossem roteiros de filmes), gosta de literatura e é fã de nomes como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Luiz Gonzaga, Vinícius de Moraes, Clementina de Jesus, João Gilberto, Dorival Caymmi e Chico Buarque.


Algumas curiosidades de Black Alien: 
  • Em 2001, Black Alien, após sua saída do Planet Hemp, lança, junto com Speed, o hit Quem Que Caguetou?/Follow Me Follow Me, que foi remixado posteriormente por Afrika Bambaata e pelo DJ FatBoy Slim e em 2003 foi utilizado como trilha de um comercial da caminhote Frontier da Nissan lançado na Europa e denominado Le Marathon, além de ser a música que tocou antes da exibição do filme Kill Bill: vol. 1, de Quentin Tarantino, durante toda a temporada em cartaz na Europa. Em 2011,  a mesma música entra para a trilha sonora do filme Velozes e Furiosos 5; 
  • Foi encontrado no porta-luva do carro batido de Chico Science a fita demo do Speed Freaks, grupo do qual faziam parte Speed Freaks, Black Alien e DJ Rodriguez; 
  • Black Alien gravou a música Stileira, produção de Marcos Cunha, para o filme Fabio Fabuloso, de Ricardo Bocão;
  • No ano de 2005, a Rede Globo colocou sua música Coração Do Meu Mundo na trilha sonora da novela Bang Bang como tema da personagem Diana Bullock, interpretada por Fernanda Lima; 
  • Ainda no ano de 2005, as músicas Perícia Na Delícia e Como Eu Te Quero integraram a trilha sonora do seriado americano Mandrake, exibido pela HBO; 
  • No ano de 2006 a música Real Gold integrou para a trilha sonora da também global Malhação;
Faça download da mixtape clicando aqui!
  • Em 2007, Ton Gadioli começou a rodar um documentário sobre a vida artística de Black Alien, intitulado Mr. Niterói – A Lírica Bereta, que participou do Festival de cinema da Costa do Sol, em Cabo Frio, e ganhou o prêmio de melhor personagem para Black Alien. Junto ao documentário, Black Alien elaborou uma mixtape para o filme compostas por diversas músicas do MC, muitas delas desconhecidas de seu público, em suas diferentes fases musicais; e
  • Até o fim do ano de 2012 está previsto o lançamento de um novo disco, intitulado Babylon by Gus – Vol. 2, que estava previsto inicialmente para o dia 11 de setembro de 2011. Atualmente, está em fase de finalização o DVD Black Alien Ao Vivo na Lapa.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Van Gogh, a Tragédia e a Cor: Portrait of a One-Eyed Man

Portrait of a One-Eyed Man, 1888 - Vincent van Gogh (1853-1890)

"[...] Uma das causas pelas quais eu estou agora deslocado -
e por que durante tantos anos estive deslocado - é simplesmente porque
tenho ideias diferentes das desses senhores que dão cargos àqueles
que pensam como eles.Não se trata de uma simples questão de asseio,
como hipocritamente me censuraram, é uma questão mais séria que isto,
posso lhe garantir".
 (Vincent van Gogh, Wasmes, julho de 1880)

Fora, Temer!