terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Brasil assume a 6ª posição na economia mundial...e daí?!


Ontem (26/12/11) foi noticiado o estudo do britânico Centre for Economics and Business Research (CEBR) de que o Brasil ultrapassou o Reino Unido e agora ocupa a 6ª posição no ranking da economia mundial. Entretanto, antes de ficarmos eufóricos com essa notícia, deve-se atentar para alguns pontos. Esse ranking divulgado tem como base o PIB (Produto Interno Bruto) de cada nação, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos em determinada região. Assim, se levarmos em consideração somente as comparações entre os PIB's, poderíamos considerar nosso país como desenvolvido, e não em desenvolvimento, como se encontra. No entanto, se analisarmos o PIB per capita (que é a divisão do PIB pelo nº de habitantes), o Brasil está muito abaixo do Reino Unido, o que demonstra que a riqueza ainda está mal distribuída em nosso país e a maioria da população ainda está em condições bem abaixo das encontradas nos países que compõem o grupo antigamente denominado de Primeiro Mundo. Segundo depoimentos do próprio governo, o Brasil necessita de, pelo menos, uma década para alcançar o PIB per capita padrão-desenvolvido.
Além disso, o PIB per capita analisado isoladamente também não é boa medida para o desenvolvimento de uma nação, posto que é uma média e, como tal, sofre influências das extremidades, o que implica em dizer que mesmo com um PIB per capita em nível "europeu", o Brasil ainda corre o risco de não alcançar padrões de vida de nações desenvolvidas por conta, principalmente, de um aspecto característico de nosso país: a elevada concentração de renda, ou seja, poucos detendo a maior parcela da riqueza da nação. Logo, outros fatores, além do PIB e PIB per capita, concorrem para determinar o desenvolvimento de um país, dentre eles a distribuição de renda, o acesso à educação, saúde e saneamento básico, além do nível de acesso a lazer e cultura.
Também é importante citar que essa situação de ultrapassar a Grã-Bretanha não foi gerada somente pelo desempenho do Brasil no cenário da economia mundial, mas também pela grande influência da crise econômica originada no fim do ano de 2008 e que afetou com maior intesidade a economia britânica, que teve algumas de suas grandes instituições econômicas levadas à falência. Ou seja, embora o Brasil tenha apresentado crescimento econômico durante os últimos anos (impulsionado, por um lado, pelo aquecimento do mercado interno por meio dos programas de transferência de renda, e, por outro, por ter como atual principal parceiro econômico a China, que apresenta as maiores taxas de crescimento e tornou-se o grande motor da economia mundial na primeira década do século XXI), a estagnação da economia do Reino Unido foi fator importante para essa ultrapassagem.
Assim, para o Brasil ainda há uma longa caminhada até o patamar de economia desenvolvida, e que deve passar pela garantia de direitos básicos ao homem, como saúde, saneamento básico, educação, lazer e cultura; pela melhor distribuição de renda entre seus cidadãos; e pelo fortalecimento da matriz econômica brasileira, uma vez que nossa balança econômica ainda apresenta muita dependência da produção e exportação de alimentos e minérios não-beneficiados. Dessa forma, o Brasil tem sua economia baseada em commodities, que são produtos com pouco ou nenhum diferencial competitivo, embora tenham grande importância na economia mundial, o que ainda o caracteriza como mercado exportador de matéria-prima, apresentando poucas atividades econômicas (dentre estas, a aviação civil)  pautadas na inovação e no desenvolvimento tecnológico, dois propulsores da melhoria da qualidade de vida.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Van Gogh, a Tragédia e a Cor: The Sower

The Sower, 1888 - Vincent van Gogh (1853-1890)
"Se continuarmos a amar sinceramente o que na verdade é digno de amor, e não desperdiçarmos nosso amor em coisas insignificantes, nulas e insípidas, obteremos pouco a pouco mais luz e nos tornaremos mais fortes".
(Vincent van Gogh, Amsterdam, 3 de abril de 1878)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Espero que essa seja a última poesia do ano (ou Todo poeta precisa de um recesso)


Imagem obtida no site História da Arte


Logo nós que não acreditamos no Destino
Deixamos à Sorte a direção de nossas Vidas,
Talvez porque não suportamos tanto desatino,
Tanto xingamento, tantas feridas,
E era tanta puta, seu merda, idiota, explorador
Babaca, imbecil, te adoro, meu amor
Que de nossas Vidas já não somos parte,
Já não sabemos perdoar sem esquecer,
Pois nosso Amor agora está sob o signo de Marte
Que nos fez juízes sem toga
A dar veredictos sem entender
O que fizemos do nosso Amor
Que agora em mágoas se afoga
Então, coelha, me diz: de onde vem tanta dor?

Para onde foram nossas brincadeiras infantis
E nossa cama que sem pudor incendiávamos?
Ah, que saudade daqueles tempos primaveris
Que ficou no sorriso que outrora davámos!
Hoje, já são outros os assuntos,
Nosso sentimento entrou em ócio
E estamos sem força (e coragem) para lutar
Por um Amor que tem tanto Ódio
E só nos liga o ato de recordar
Doces lembranças de momentos felizes...

Belém/PA, 24 de dezembro de 2011

(Dom Aquiles Crowley)

As sete mortes de Amarildo Júnior


Imagem obtida em Humor em Pânico


Na primeira vez que Amarildo Júnior morreu
Ainda era tenra criança
Que viu uma triste quebra de aliança
E se pôs a recortar fotografias à espera de Morfeu.
Mas, não sabe-se o porquê, alguns de nossos guris
Não são logo requisitados pelo além
Ou porque Deus quer querubins,
Ou por outro motivo que não cabe a ninguém,
Pois Ele prefere mantê-lo em segredo.

Já aos dezesseis, ele morre por Amor.
Não, não, não: esqueça o triste verso anterior!
A segunda morte não foi por Amor, mas por Traição;
Que o levou a atentar contra seu suspiro,
Porém sem forca, corte ou tiro
(Nada disso ele fez naquele dia)
E, por não morrer com convicção,
A Mansão dos Mortos o devolveu por covardia.

Na terceira vez que a Morte levou Amarildo
Pegou-lhe sem prévio aviso
E, na hora de navegar os rios de Hades,
Não tinha nenhuma moeda para pagar o barqueiro
(À travessia não bastavam suas maldades).
Então, como poder atravessar o Aqueronte
Se não se tem como pagar o serviço de Caronte?
Assim, a Morte o devolveu - acreditem -, por falta de dinheiro!

Quando a Terra lhe abriu a boca pela quarta vez
Ele se jogou com todos seus devaneios
Como quem se joga ao Amor preso aos seios
Da última amada que lhe oferece a tez,
E pela orla dos rios caminhou sozinho
Até chegar ao letreiro de Dante
Que indica a Porta da Perdição
E lhe faz refletir sobre ir adiante
Ou suplicar por perdão
Ao Santo dos Santos, Protetor do Andarilho,
Que não lhe permitiu seguir a andança
Pois em seu coração ainda havia verde Esperança.

Na quinta vez, Deus já não interveio
E a overdose lhe fechou o olho
(O mesmo em que o álcool se fez lágrimas).
Assim ele explorou os círculos do inferno,
Com penitências mínimas
E suficientes para resolver seu conflito interno,
E mais uma vez a Porta da Morte lhe abriu o ferrolho.

Agora, na sexta vez que o Anjo da Morte lhe der a benção,
Deverá escolher bem o lugar que o vai jogar,
Se no Céu ou Purgatório,
Pois o inferno lhe tornou homem
De bom humor e fácil parlatório
Que às mulheres e noites consomem.
Mas, além da sexta, será necessária sétima Morte
Que possa matar seu coração forte
E colocar sua bagunça em ordem
O que já não é muito, e por isso exclama: no problem!

Belém/PA, 24 de dezembro de 2011
(Dom Aquiles Crowley)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Van Gogh, a Tragédia e a Cor: Ravine

Ravine, 1889 - Vincent van Gogh (1835-1890)
"E mesmo nos ambientes cultos e nas melhores sociedades e circunstâncias mais favoráveis, é preciso conservar algo do caráter original de Robinson Crusoé ou de um homem da natureza, jamais deixar extinguir-se a chama interior, e sim cultivá-la".
 (Vincent van Gogh, Amsterdam, 3 de abril de 1878)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Na teoria... Bem, na teoria eu sei amar!


Na teoria... Bem, na teoria eu sei amar!
Sei exatamente do que elas gostam em mim,
E não foi em filmes que descobri que é o meu olhar!
(Ora, deitar os olhos sobre a mulher desejada,
Com um sorriso mergulhado em ternura,
é arma fatal no momento da sedução!).
Contudo, nunca é simples assim,
Pois sempre há algo que não sai de forma adequada,
Deixando amaro o que era doçura.

E é por isso que dou surra no meu coração
Que deixa o sorriso que se fez amado
Virar pranto que se recolhe em teu seio.
Mesmo assim, continuo sabendo a maneira certa de sorrir
E qual é o gesto mais adequado
A realizar quando, sem receio,
Vislumbro o limiar de um amor surgir,
Mas, a prática é inimiga da perfeição
E até acho que é imperfeito o amor,
Porque algumas coisas não consigo aturar
Mesmo que as peça em oração
Como o fato de te causar dor
Se na teoria... Bem, na teoria eu sei amar!

(Dom Aquiles Crowley)

Onanismo


Queria escrever um verso
Que rimasse com cometa
Resultado: peguei uma Play Boy e fui para o banheiro!

Belém, 13 de dezembro de 2011
(Dom Aquiles Crowley)


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pós-plebiscito

Ontem o povo do Pará foi às urnas e decidiu em plebiscito pela não divisão do Estado! Meu voto também foi nesse sentido, mas, passada a eleição, devemos ponderar sobre alguns fatores. Considero justa e legítima a vontade do POVO das regiões separatistas, posto que tais regiões estão abandonadas pelo poder público. Entretanto, não vejo a divisão como solução, uma vez que foi proposta por oportunistas políticos que queriam se aproveitar do abandono presente nas regiões separatistas para obtenção de maior parcela de poder. Convém citar que os propusentes dos projetos de lei a favor da divisão do Estado nem eram paraenses (o principal marketeiro deles, por exemplo, foi Duda Mendonça, baiano que foi contra a divisão de seu Estado, mas é a favor da divisão do nosso por ter terras em solos papa-xibés e que, portanto, se beneficiaria política, financeira e economicamente com a divisão), e são os mesmos pecuaristas, fazendeiros, grileiros e afins que lucram sobre a exploração de nossas terras, desmantando-as e ocasionando diversos outros fatores, como a deprimente posição do Pará como Estado brasileiro que possui maior número de trabalhadores em condições de trabalho escravo.
Além disso, percebe-se, nessa situação, manobra política análoga à que Sarney fez ao transferir seu domicílio eleitoral para o Amapá, transformando esse nosso vizinho em surcusal do Maranhão, estado em que o coronel manda e desmanda e que figura como herança no testamento do Don Corleone tupiniquim. O caso é que, pelo menos de acordo com a análise que fiz e que me levou a votar pelo NÃO, tais políticos vislumbraram a chance de, com a divisão do Pará, passar a ocupar melhores posições políticas e econômicas no decaído sistema sociopolítico brasileiro. Outro ponto importante, é que essa realidade de abandono não é exclusividade das regiões separatistas (em que pese ser mais representativa nessas áreas): basta caminhar por alguns bairros aqui da capital e presenciar o abandono, dentre eles posso citar a Vila da Barca, algumas regiões da Santissíma Trindade (Jurunas, Guamá e Terra Firme), o Benguí, o Parque Verde, etc.
Tudo isso que abordei não foi apenas para justificar meu voto contrário à divisão, mas também para parabenizar o povo paraense por não deixar esse esquartejamento acontecer, e, sobretudo, para deixar claro que não se pode ficar dessa forma e que foi válida a discussão gerada pelo plebiscito para que as autoridades possam refletir sobre seus modelos de gestão, que excluem a maioria para benefício de minorias.
Para que ocorra a melhoria desejada, é necessário não somente que a gestão administrativa seja repensada, mas a própria postura da população seja reformulada, passando-se a votar com maior consciência, distanciando do poder políticos corruptos e oportunistas e fiscalizando e cobrando daqueles que forem eleitos melhores ações para o povo, não ficando calados enquanto a Alepa, por exemplo, aprova lei que aumenta prazo de permanência de temporários, numa manobra descarada de garantir preenchimento de cargos por cabos eleitorais que nada contribuem para o engradecimento do Estado.
Por fim, deve-se também ficar atento para os rancores gerados pelo plebiscito, que pode ocasionar maiores distanciamentos de identidade cultural, e que, portanto, devem ser bem administrados para evitar que o Pará possa se tornar ingovernável tão somente por mágoas de coroneis locais que se viram distanciados da tão almejada fatia de poder, além de analisar outras propostas que já estão no nascedouro, como de possível novo plebiscito e, dessa vez, com peso de voto diferente para os eleitores das regiões separatistas como forma de compensar a baixa densidade demográfica dessas áreas.

Fora, Temer!