quarta-feira, 25 de abril de 2012

O universo curvo de Niemeyer

Memorial da Cabanagem, Belém/PA

Ontem, li uma entrevista do Kadu Niemeyer, neto do arquiteto Oscar Niemeyer, e lembrei de uma atualização de status no meu facebook em 12 de janeiro de 2012 (aniversário de Belém), que teve participação especial do Allan Carneiro, que foi meu professor na Faculdade Ideal (FACI), em que falava da minha indignação com o que NÓS, paraenses, fazemos com o Memorial da Cabanagem. Abaixo, transcrevo o que foi dito na ocasião e também deixo um poema do Niemeyer, o último comunista vivo e maior arquiteto brasileiro.

Primeiro, a indignação...

Desenho de Oscar Niemeyer

Eu - até acordei feliz pelo aniversário de BelHell, mas quando passei pelo "Engarrafamento" e lembrei que somos a única cidade do mundo a pichar um monumento projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, muito da minha felizCIDADE se esvaiu!

Allan Carneiro MEU AMIGO, NOSSA SINTONIA NO ASSUNTO É "GRITANTE". Sempre tive vergonha de nossa ignorância para com o mestre dos mestres da Arquitetura, inclusive o INOPERANTE CREA-PA nem se manifesta, já que congrega os arquitetos paraenses. Uma vergonha do poder público e que deixa a nossa cidade "pobre de rua" (inventei este termo para caracterizar este e diversos outros monumentos, praças e locais que estão sem conservação).

Eu É verdade, caro mestre! Sempre que passo por ali sinto uma revolta!!! Onze em cada dez cidades do mundo querem um monumento assinado por Niemeyer e nós, única cidade da Amazônia a ter essa honra, não valorizamos esse privilégio. Fora o fato do monumento está pichado e ser abrigo para moradores de rua fazerem suas necessidades fisiológicas no local, usarem drogas, etc, ainda tem a questão de a grande maioria não conhecer qual o sentido do monumento e nem mesmo saber que foi projetado pelo Oscar. Na verdade, chego a pensar que muitos dos nossos não sabem nem o que foi a Cabanagem.
Assim, vemos nessa questão pelo menos 3 problemas lamentáveis: o abandono de nossas ruas, monumentos e pontos históricos e turísticos (já pensou se nós cuidássemos melhor de nossa urbanização e utilizássemos esse mesmo Monumento da Cabanagem associado ao nome de Niemeyer e ao fato de ser o único do arquiteto na Amazônia para promover o turismo local?!); a falta de políticas para os desabrigados de nossa cidade (nesse caso, políticas públicas que resolvam o problema e previnam sua ocorrência, não a aplicação de medidas higienistas como as aplicadas recentemente na Cracolândia); e a falta de valorização da nossa história no sistema educacional.

...depois, a admiração!!!!


Outro desenho de Oscar Niemeyer
Ângulo reto

Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível,
        criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre
        e sensual.
A curva que encontro nas
       montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher amada.
De curvas é feito todo o universo.
O universo curvo de Einstein.
(Oscar Niemeyer, em fev-1988) 

Botões e atalhos amplificam a distância


Cartaz de divulgação do longa argentino
Uma das mais belas cena do filme.
Mariana, personagem vivida por Pilar López de Ayala,
apoia seu queixo em uma mão de manequim de loja
Ontem (finalmente) Sol González e eu assistimos ao longa argentino Medianeras, que, como o próprio diretor Gustavo Taretto afirma, mostra a solidão que vivemos atualmente: "a solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos, a solidão do delivery, da mensagem de texto e do e-mail". Filme ótimo e que vale muito a pena ser visto, surpreende pelo enredo da trama, que retrata a história de solidão de dois jovens (Mariana e Martin) que são vizinhos, mas não se conhecem e, mesmo sem saber, se procuram em meio à multidão e as idas e vindas da cidade grande.
Medianeras tem seu fio condutor, portanto, na reflexão de que, ao mesmo tempo que cercados por tantas pessoas, também estamos sós, isolados pela internet, pelos edifícios, pelos fones de ouvido, pelo SMS. Sua mensagem é paradoxal. Nos diz que as telecomunicações, a tecnologia de ponta e as construções modernas nos facilitam a Vida, mas nos impedem de viver.

Título da postagem é um verso da música Monstro Invisível, da banda carioca O Rappa

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Não chores, Inamorata, eis que Phallophor está de volta


Imagem obtida na Revista em Quadrinhos A Paixão do Arlequim, de Neil Gaiman e John Bolton

Hoje sei que um garfo, uma faca
E uma garrafa de ketchup vagabundo
Bastam para o vento de fevereiro me fazer tremer,
E que algo mude em meu mundo,
E que minha fantasia se desfaça,
E que se desiluda Joshua Norton qualquer.

Só há ausência em toda parte
E onde está o espaço para nossa Commedia Dell'Arte?
Será essa nossa realidade, Flaminia?
Minha poesia não pode mais ficar contida
Pois ainda quero lhe dizer
Che bella notte, mascara linda!
E esperá-la responder
Bella notte, forasteiro!

Assim lhe peço: não deixe o Arlequim virar Pantaleão!
E nem seguir o choro do injustiçado Pedrolino
Pois mesmo que não pregue mais em tua porta meu coração
E não ressoem mais os batuques e tão pouco o violino
Ainda assim a pantomímica não se finda
Pois tens de volta esse poeta lisonjeiro 
Que te deseja buona sera, mascara linda!
E a que respondes "buona sera, forasteiro"!

Belém/PA, 19 de abril de 2012
(Dom Aquiles Crowley)

terça-feira, 17 de abril de 2012

"Impressionado eu dei um-dois no que Deus não me pôs..."*

*Título da postagem é um verso cantado pelo rapper Black Alien na música Baseado em Fatos Reais, presente no disco Eu tiro é onda, de Marcelo D2.

"O barulho é relativo ao silêncio que o precede. Quanto mais absoluta a quietude, mais devastadora as palmas" (Alan Moore  - V for Vendetta, p. 196)

Nos dias 28 a 30 de março de 2012 aconteceu o 1º Congresso Certificadas FGV, realizado em Florianópolis/SC. Abaixo está a apresentação utilizada na defesa do artigo "Relações de poder em uma empresa de serviços da cidade de Belém: influências na formação político-social dos trabalhadores", orientado pelo prof. Msc. Josué Monteiro.


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Van Gogh, a Tragédia e a Cor: Restaurant at Asnières

Restaurant at Asnières, 1887 - Vincent van Gogh (1853-1890)
"'Somos hoje o que éramos ontem'. Isto não significa que se deva marcar passo, e não tentar desenvolver-se, ao contrário, há uma razão imperiosa para fazê-lo e buscá-lo".
(Vincent van Gogh, Amsterdam, 3 de abril de 1878)

Fora, Temer!