quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô! É Bicolor!


"De vitórias e louros coroado,
Altivo, o Paysandu jamais temeu...
Tem um belo, honradíssimo passado,
São nobres as batalhas que venceu;
Cada um de nós guarda no peito,
Valor e orgulho extraordinários;
Das nossas cores têm respeito
Os mais pujantes adversários.

"'Lutar'! eis a divisa que trazemos!
'Vencer'! eis a esperança que nos guia!
Leais e destemidos seguiremos
A glória que o futuro nos confia!
Cada um de nós guarda no peito,
Valor e orgulho extraordinários;
Das nossas cores têm respeito
Os mais pujantes adversários.

"Somos jovens e ousados paladinos,
E sempre achar-nos-hão de gladio nú,
Elevando nos prélios mais ferinos
Com honra o pavilhão do Paysandu
Cada um de nós guarda no peito,
Valor e orgulho extraordinários;
Das nossas cores têm respeito
Os mais pujantes adversários.

"Amamos os combates! e na luta,
Como antigos heróis nos comportamos,
Por isso a voz do público se escuta,
Saudar o Paysandu com meus aclamos
Cada um de nós guarda no peito,
Valor e orgulho extraordinários;
Das nossas cores têm respeito 
Os mais pujantes adversários."

(Hino oficial do Paysandu Sport Club, composto em 1920 com letra de José Simões e música de Manuel Luis de Paiva.)

Faça download do hino clicando AQUI!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

I Vinil Festival

Dia 9 de novembro de 2010, a partir das 18h30min, a Faculdade Ideal vai vivenciar momentos de nostalgia e saudosismo. Venha participar e prestigiar esse evento que vai trazer muita música e dança, tudo em vinil, é claro! Mais um evento que promete ficar na memória da comunidade acadêmica paraense.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma breve apresentação sobre Planejamento*

"Para fazer alguma coisa, é necessário querer muito.
Para querer apaixonadamente, é necessário acreditar com loucura."
                                          (Regis Debray)

Na atualidade, o trabalho ocupa a maior parte do tempo das pessoas, que acabam por reclamarem da insuficiência de tempo para dedicação à família, à religião ou ao lazer, por exemplo. Nesse contexto, o planejamento apresenta-se como solução, pois este é a busca de soluções criativas e inovadoras por meio do uso do pensamento antes da execução da ação, não pretendendo prever o futuro, mas buscando definir antecipadamente as ações a serem tomadas para alcance dos objetivos traçados, uma vez que as pessoas não podem administrar o tempo, mas podem administrar as atividades que serão realizadas durante esse tempo.
Para possibilitar a realização do planejar, são necessários quatro itens essenciais: objetivos (o que se deseja), ações (o que vai ser feito para alcançar os objetivos definidos), responsáveis (definição dos nomes das pessoas incumbidas de executar as ações definidas) e prazos (definição da data e horário limite para execução das ações). Além desses quatro itens considerados essenciais, um processo de planejamento também exige método (do grego meta = além + hodos = caminho), que é a ação que leva ao alcance dos objetivos estabelecidos e da mudança desejada, e flexibilidade, que considera o nível de exigência dos interessados no planejamento e as contingências de cada situação, tornando necessárias, em diversas situações, negociações que possibilitem a tomada de medidas pautadas no consenso entre as partes envolvidas.
Todos estes itens serão definidos durante as etapas de elaboração do planejamento, que são:
a. Identificação do problema;
b. Definição dos objetivos e metas a serem alcançados;
c. Estabelecimento das ações necessárias ao alcance dos resultados desejados, com clara definição dos responsáveis e dos prazos iniciais, parciais e finais de cada ação;
d. Definição dos recursos necessários para alcance do resultado almejado, com estabelecimento das formas de obtenção destes;
e. Implementação das ações necessárias, iniciando-se pelas ações prioritárias e que dependem apenas dos recursos já disponíveis;
f. Acompanhamento da evolução das ações implementadas, verificando-se a adequação aos prazos;
g. Identificação e replanejamento do que precisa ser alterado para alcance dos resultados desejados; e
h. Avaliação e divulgação dos resultados obtidos, verificando-se as etapas onde houve falhas para possibilitar ações corretivas ou, em caso de alcance dos resultados desejados ou superação das expectativas, reconhecimento dos méritos pelo alcance dos resultados.

Importante citar que o planejamento deve levar em consideração os objetivos e ações prioritárias, sendo prioridade definida como aquilo que deve vir em primeiro lugar, podendo ser estabelecida por meio da verificação do impacto que o não alcance de um objetivo ou a não execução de uma ação causará no resultado. Além disso, também é interessante ser citado que um planejamento deve ter bem definido aquilo que não pode ser ou que não se pretende realizar, entretanto tais pontos devem ser revisados periodicamente, uma vez que o planejamento não constitui processo imutável.
Além de tudo o que foi exposto, vale ressaltar que o planejamento pode ser realizado individualmente ou em grupo, sendo que este fator será definido de acordo com a necessidade apresentada e recursos disponiveis. Assim, o planejamento individual tem como característica maior rapidez, entretanto o planejamento em grupo apresenta tendência de possuir maior consistência e qualidade quando seus integrantes estão direcionados ao mesmo foco, pois possibilita superação das limitações individuais de raciocínio e análise sob diversos enfoques.

*Texto baseado no conteúdo ministrado pelo Prof. M. Sc. Josué A. Monteiro Azevedo na oficina "Planejamento: uma ferramenta para a Qualidade de Vida" durante a programação da XI Semana Acadêmica de Administração da Faculdade Ideal (FACI).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Oração do Administrador


"Senhor, diante das organizações devo ter CONSCIÊNCIA de minhas responsabilidades como ADMINISTRADOR. Reconheço minhas limitações, mas, humildemente, junto com meus companheiros de trabalho busco o consenso para alcançar a SOLUÇÃO e tornar o trabalho menos penoso e mais produtivo; Senhor, despido do egoísmo, quero crescer, fazendo crescer, também, os que me cercam e que são a razão de minha escolha profissional; Senhor, ADMINISTRE o meu coração para que ele siga o caminho do bem, pois, a mim caberá realizar obras sadias para tornar as organizações cada vez melhores e mais humanas."

Administrador: 45 anos construindo o futuro, desenvolvendo a Sociedade e modernizando o Estado!*


"Prometo dignificar minha profissão, consciente de minhas responsabilidades legais,
observar o Código de Ética, objetivando o aperfeiçoamento da Ciência da Administração,
o desenvolvimento das Instituições e a grandeza do Homem e da Pátria".
(Juramento do Administrador)



Há 45 anos foi publicada a lei n° 4.769, regulamentando a profissão de Administrador no Brasil. Tal fato é relembrado na data de hoje, quando se comemora o dia desse profissional que é o responsável pelo direcionamento das diversas organizações que compõem o contexto social.
Relativamente, o ensino de Administração no Brasil é recente, pois  começou a ser delineado apenas a partir de 1941, com a criação do primeiro curso na Escola Superior de Administração de Negócios – ESAN/SP, inspirado no modelo do curso da Graduate School of Business Administration da Universidade de Harvard, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, os primeiros cursos foram criados em 1881, ano da criação da Wharton School. No Brasil, o ensino da ciência da Administração passou a se consolidar somente a partir de 1952, quando é criada a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas – EBAPE/FGV, no Rio de Janeiro, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciêcia e Cultura - UNESCO), e de 1954, quando é criada a EBAPE/SP, surgindo o primeiro currículo especializado em Administração, com o objetivo de formar especialistas em técnicas modernas de Administração e tornando-se referência para os outros cursos que surgiram no país.
Vale citar que no contexto de ensino da Admistração no Brasil e a América Latina, a FGV se apresenta como a pioneira e a mais importante instituição para o desenvolvimento da ciência. Criada por meio do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP), em 1938, cuja finalidade inicial era estabelecer um padrão de eficiência no serviço público federal, além de criar canais mais democráticos para o recrutamento de Recursos Humanos para a administração pública, por meio de concursos de admissão, a FGV surgiu por meio do Decreto nº 6.933 como uma entidade voltada ao estudo de princípios e métodos da organização racional do trabalho, com o objetivo de qualificar o quadro de pessoal para a administração pública e privada.
Bem, a partir desses três momentos iniciais, que culminaram com a regulamentação dessa profissão e a difusão de seu ensino, inicia-se um processo de evolução, facilmente perceptível ao verificarmos que, dentre os cursos englobados na área das Ciências Sociais Aplicadas, o de Administração é o que apresenta maior expansão, principalmente a partir da década de 1990. Entretanto, ainda há muito o que evoluir, principalmente no que diz respeito à uma melhor especificação das áreas de atuação do administrador, à criação de uma linha científica que tenha foco nas peculiaridades locais, substituindo o paradigma de supremacia das Teorias Estrangeiras, e ao surgimento de uma consciência e de um posicionamento mais efetivos no que diz respeito ao papel do administrador não apenas dentro das organizações, mas frente à Sociedade e ao Estado constituído.
(Texto adaptado de *Comissão de Formatura AGBF 2011.2* "A Formatura Ideal!", escrito por Amarildo Ferreira Júnior em 9 de setembro de 2009)


Faça download por aqui:




*Frase do título de autoria de @amarildofjunior e uma das ganhadoras do concurso de frases e vídeos do Movimento Administração em Ação.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

#souadm


"Administrador: 46 anos construindo o futuro, desenvolvendo a Sociedade e modernizando o Estado!"
(Amarildo Ferreira Júnior)
Conheça outras frases ganhadoras acessando:

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Nova Série de Postagens: GesLinguística - O Idioma da Gestão


"Por que que a crença no futuro é fatal e a serpente simboliza o mal?"
(Raul Seixas)

Após um tempo parado devido problemas com meu computador, estou de volta e nessa retomada de caminhada verifiquei que o mundo dos negócios está cheio de termos específicos que, muitas vezes, não são de fácil compreensão para todos. Por isso, decidi iniciar uma nova série de postagens na qual irei apresentar alguns dos termos utilizados no mercado, muitos dos quais originários da Administração, com o objetivo de compartilhar o conhecimento de seus significados, funcionando, portanto, como um Dicionário Empresarial. Então, entre uma ou outra postagem da Série "Leitura Obrigatória" e alguns artigos, esta nova série, que denominei de "GesLinguística - O Idioma da Gestão", se fará presente. Espero que gostem...


GesLinguística - O Idioma da Gestão: Know-How e Know-Why.

Know-How: é o conhecimento sobre como executar determinada tarefa dentro de nossa área de atuação, podendo também ser chamado de conhecimento processual.
Know-Why: é o conhecimento que nos permite entender o por quê de determinada situação, permitindo ao seu detentor assumir melhores posições dentro de um contexto de quebra de paradigmas.

Importante citar que Know-How e Know-Why não devem ser vistos como pontos antagônicos, uma vez que este é o caminho para alcançar aquele, mas como complementares entre si e que, quando combinados da melhor forma, geram diferenciais competitivos à pessoa ou organização que utilizá-los, uma vez que serão conhecidas as causas de determinadas situações e de que forma se deve agir perante elas.

Dica: acesse http://sandrocan.wordpress.com/2009/02/11/a-importancia-do-know-why/ e conheça um pouco mais sobre estes dois termos e o contexto em que se inserem.



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hot Holl Sushi é destaque na VI Semana do Empreendedor da FACI

Nos dias 4, 5 e 6 de maio de 2010, a Faculdade Ideal (FACI) promoveu a VI Semana do Empreendedor, evento anual que ocorre no mês de maio e tem como objetivo dar oportunidades aos acadêmicos da instituição de colocar em prática os conhecimentos adquiridos, aperfeiçoando suas qualidades e fomentando o espirito empreendedor de seus discentes. O evento é formado por uma série de palestras e mini cursos ministrados pelos docentes da instituição e por profissionais que possuam experiência e destaque em suas áreas de atuação, além da Feira do Empreendedor, principal produto do evento, onde são disponibilizados stands a alunos, profissionais e público externo para exposição e comercialização de produtos e serviços, estimulando a criatividade e o talento empreendedor dos participantes, além de possibilitar ampliação do network de todos os envolvidos. Em sua 6ª edição, a Semana trouxe o tema "Capitalizando seu Empreendimento", destacando-se na Feira o stand nº 12 que levou para o evento uma parceria realizada entre os alunos da turma AGBF5A (5º período) Amarildo Ferreira Júnior, Davi Mesquita e Rodrigo Franco com a micro empresa Hot Holl Sushi, especializada na elaboração do prato japonês de forma rápida, barata e com qualidade. O stand inovou não só ao levar um tipo de alimento que não tinha espaço nas outras edições do evento e que é apreciado pelo público que prestigia a Feira, mas também pela decoração, pela forma que seus expositores se relacionavam com todo o público presente e por disponibilizar vendas à crédito ou débito automático. Também foram de fundamental importância o trabalho executado pelos amigos Jorge Giordano e Leandro Martins (ambos da AGBF5A) e pelos representantes do Hot Holl Sushi, Éder Rodrigues e Jonathan.  
Da esquerda para a direita:
Rodrigo Franco, Prof. Oswaldo Jr., Davi Mesquita, Jorge Giordano, Amarildo Ferreira, Éder Rodrigues e Jonathan


Os idealizadores da parceria:
Davi Mesquita, Rodrigo Franco e Amarildo Ferreira (segundo o trio, mais surpresas virão, aguardem!)


A equipe reunida

 Stand lotado: calma que tem para todo mundo

Ao final do evento o stand ainda disponibilizou uma barca repleta de sushi para o público degustar

Fim de Feira: todo mundo trabalhando para desmontar a decoração montada

sábado, 3 de abril de 2010

Resenha A Administração de custos, preços e lucros

Nome do Livro: A Administração de Custos, Preços e Lucros
Autor: Adriano Leal Bruni – mestre e doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e sócio da Infinita Consultoria e Treinamento.
Editora: Atlas, 3ª Edição (2008)
Preço médio: R$ 60,00


Adquirido na XIII Feira Pan-Amazônica do Livro, realizada em novembro de 2009 no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia –, este livro apresenta conhecimentos básicos para qualquer profissional ou estudante das áreas administrativa, contábil ou financeira, que, entretanto, nem sempre buscam tais conhecimentos, ficando, nesses casos, com a empregabilidade comprometida. Quinto livro da série Desvendando as Finanças, a obra é dividida em 9 capítulos, sendo o último apresentação de um recurso elaborado por Bruni e disponível no site da editora Atlas ou no site dos livros da série (site Minhas Aulas), chamado de modelo CUSTOFACIL.XLS, tratando-se de uma planilha eletrônica que pode ser aplicada para análise de ponto de equilíbrio, decisões sobre materiais diretos, realização de rateios e elaboração de preços para comércio, serviços ou indústria. Além da CUSTOFACIL.XLS, existem outros recursos nos sites mencionados, como slides elaborados pelo autor e a resolução completa de todos os exercícios apresentados no decorrer do livro, dentre outros recursos.

O objetivo da obra, segundo o próprio autor, é apresentar de forma clara e simples os principais conceitos associados ao processo de registro e gestão de custos, o que realmente ocorre e justifica minha indicação do livro. Entretanto, convém citar que o livro pode frustrar o leitor que deseje ter uma obra em que as lições são apresentadas com aplicação prática no Excel ou na calculadora HP12C, uma vez que o livro traz em sua capa a citação “com aplicações na HP12C e Excel” e só apresenta tais aplicações nas páginas 144, 145 e 289 a 294 (aplicações com a HP12C) e no capítulo 9 (aplicações com o Excel, sendo este capítulo dedicado exclusivamente à apresentação da CUSTOFACIL.XLS). Considero também um erro o excesso de divulgação dos outros livros da série, que são indicados na orelha do livro, na apresentação da série, no final de cada capítulo e, em alguns momentos, no meio dos capítulos, o que ficou desgastante e gerou a sensação de que a editora, o autor ou ambos desejam enfiar goela abaixo e de qualquer forma a série toda, quando acredito que deveriam apostar no interesse que a leitura do livro geraria para obtenção dos outros de forma mais natural ou, se induzida, de forma menos “violenta”. Ademais, o livro é de boa leitura e tem certa contribuição para uma boa formação profissional, principalmente por apresentar uma quantidade de exercícios que facilita a fixação dos conceitos aprendidos.

Inicialmente, no capitulo 1 (Os custos, a Contabilidade e as Finanças), Bruni apresenta conceitos como o de Contabilidade Financeira, patrimônio, resultado e fluxo de caixa, com as respectivas importâncias e os seus componentes. O capítulo apresenta a estrutura de balanço patrimonial e aborda a questão dos prazos de pagamento ou recebimento. Também são apresentados nesse capítulo os regimes de competência e de caixa, os principais termos técnicos contábeis (gastos, receitas, custos, deduções, investimentos, despesas, resultado, perdas) e as visões da contabilidade financeira, da gerencial e da contabilidade de custos, fazendo-se um paralelo entre elas e entre a contribuição que cada uma traz para a empresa.

O capítulo 2 (Os Custos e a Contabilidade Financeira) vem apresentar as diferentes formas de classificar os custos (em função da forma de associação aos produtos elaborados, de acordo com a variação em relação ao volume produzido, de acordo com a controlabilidade, em relação a alguma situação específica ou em função da análise do comportamento passado) e o custeio por absorção. O próximo capítulo (Os Custos e a Contabilidade Gerencial) apresenta a forma como as decisões se relacionam com os gastos, descrevendo os gastos fixos e variáveis e a implicação de cada um desses no processo decisório, além de apresentar a relação custo-volume-lucro dentro da contabilidade gerencial. Aqui também é apresentado o conceito, a análise e as diferentes formas de calcular o ponto de equilíbrio; o que são e qual a importância dos três tipos de alavancagem e das margens de segurança, apresentando-se, também, os conceitos de ROI (Retorno sobre o Investimento) e ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido).

O quarto capítulo (Os Custos e seus Componentes) apresenta os três componentes formadores dos custos (Material Direto, Mão-de-Obra Direta e Custos Indiretos de Fabricação), apresentando formas de calcular cada um destes e maneiras de realizar seus lançamentos contábeis para auxiliar na tomada de decisões. Este capítulo também apresenta três critérios que podem ser utilizados para avaliação do estoque de mercadorias – PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou Custo Médio Ponderado – citando suas respectivas vantagens e desvantagens. Também são apresentados conteúdos referentes à programação de compras e estoques de materiais diretos (cálculos de custo de estocagem, custo de pedido, estoque médio, intervalo de pedido, número de ressuprimentos a serem realizados num determinado intervalo e Lote Econômico de Compra) e à mão-de-obra ociosa durante a produção. Além desses conceitos, são apresentados os principais centros de custos e a importância de sua utilização para facilitar o processo de rateio dos custos e alocação das despesas aos produtos. Por fim, o capítulo apresenta o custeio por atividades e é nele a primeira vez que o autor apresenta uma aplicação da HP12C, descrevendo como a calculadora pode efetuar cálculos de média aritmética simples ou ponderada.

No capítulo 5 (Os Custos e A Margem de Contribuição), Bruni faz uma comparação entre o custeio direto e o custeio variável, apresenta a margem de contribuição e sua importância e descreve os principais problemas no rateio dos custos, sugerindo soluções e adaptações das formas de rateio para cada situação apresentada. Há neste capítulo uma abordagem sob a ótica da Teoria das Restrições associada à margem de contribuição para determinação do mix de produtos que deve ser produzido. O capítulo 6 (Tributo, Custos e Preços) vem apresentar como os diferentes impostos, sobretudo o Imposto de Renda e a forma de sua tributação adotada pela empresa, implicam na administração dos custos e formação dos preços. Para isso, Bruni apresenta as três formas de tributação do IR no Brasil (Lucro Real, Presumido ou Simples Nacional), descrevendo as principais vantagens de cada uma e em qual momento uma vai ser mais vantajosa que as outras duas. Mas, Bruni não se resume apenas a apresentar as formas de tributação do IR, ele também apresenta tabelas com as porcentagens de que são aplicadas a cada atividade e descreve quais atividades se encaixam em qual forma de tributar o IR. O autor também apresenta as formas de se calcular impostos “por dentro” ou “por fora” e explica a cumulatividade ou não-cumulatividade fiscal e a substituição tributária, além de apresentar os principais impostos associados à formação de preço e maneira de trabalhar com cada um deles nesse processo (Cofins, PIS, IR, CSSL, ISS, ICMS, IPI). Interessante é que Bruni divide didaticamente os impostos em Impostos Gerais (Cofins, PIS, CSSL, IR) e Impostos Específicos (ISS, ICMS e IPI – impostos para serviços, comércio e indústria, respectivamente), o que facilita o processo de aprendizado. Quanto ao ICMS, Bruni tem maior cuidado ainda ao apresentar a forma como se dá a cobrança deste em relações comerciais entre os Estados diferentes ou quando este possui substituição tributária.

O capítulo 6 (Os Custos, os Preços e os Lucros) trabalha com três diferentes métodos de formar preços (baseado em custos, baseado no valor percebido ou análise da concorrência). É apresentada aqui a relação entre preços, custos e valores percebidos e é nesse capítulo que se enumera os componentes do preço (lucro, impostos, despesas e custos). Bruni também apresenta a maneira como se elabora e aplica uma taxa de marcação (Mark-up) e atenta para o fato de que não se deve usar uma única maneira de elaboração de preço para evitar preços que não correspondam ao valor dado ao produto/serviço ou preços fora de uma intersecção que traga benefícios tanto para o consumidor como para a empresa. Aqui também é feita uma relação entre lucratividade e rentabilidade como forma de avaliação de desempenho de uma empresa. É nesse capitulo que aparece, pela segunda vez, aplicações da HP12C, agora já sob uma ótica financeira levando em consideração juros, valores presentes ou futuros e séries de pagamentos antecipadas ou postecipadas.

Por fim, o capítulo 8 (Os Preços, o Marketing e a Estratégia) é o único em que não há predominância de cálculos, mas tem sua importância justificada ao atentar para a importância do posicionamento estratégico nas empresas. O capítulo vem apresentar conceitos como valor percebido e seus condicionantes, posicionamento de produtos e sua relação com a formação do preço, formas de percepções do produto, cadeia de valor e estratégia de negócios, apresentando, para tanto, vários casos práticos, inclusive em seus exercícios, alguns dos quais adaptados mas que, com um pouco de conhecimento de mercado e de percepção, podem ser identificados.

Bem, como disse no inicio deste artigo, o que me influenciou a indicar esse livro como uma foi a simplicidade como o autor expôs seus conhecimentos, alguns dos quais eu já até possuía, mas, no todo, sua leitura me enriqueceu um pouco mais, cumprindo o que se propôs. Como principal ensinamento, posso dizer que o livro me mostrou que não é tão complicado gerir custos e formar preços para atingir lucro, bastando, para tanto, não utilizar apenas este ou aquele método, mas integrar todo o conjunto de conhecimentos adquiridos e aplicá-los associadamente, buscando sempre o ponto de inflexão que melhor se apresentar.

Até a próxima Resenha!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sobre Na'Vis, Incas, Maias e Astecas



Dizer que o filme Avatar, escrito e dirigido por James Cameron (diretor de Titanic, Exterminador do Futuro 1 e 2, Aliens e Rambo II, entre outros) é um divisor de águas no cinema e apresenta-se como o maior orçamento de uma produção cinematográfica até o momento (US$ 500 milhões, divididos entre a execução da produção, que abocanhou cerca de US$ 237 milhões, e gastos com o desenvolvimento de novas tecnologias, marketing, propaganda, etc.) é lugar comum em grande parte da mídia e entre os críticos do cinema, iniciados e entendidos no assunto. Como não me incluo na “grande parte da mídia” e nem sou crítico de cinema, ao analisar tal produção me proponho a não atentar para detalhes técnicos, pois, afinal, não possuo conhecimentos suficientes para efetuar uma análise sob essa ótica. Logo, buscarei apresentar a percepção que a estória retratada no filme causou em mim e as conclusões que tive ao refletir sobre ela.

Confesso que o que me impulsionou a assistir o filme foi a grande expectativa gerada pelos meios de comunicação em relação à produção – afinal, houve uma promoção em massa, um verdadeiro bombardeio de marketing –, apesar de tê-lo feito com certa barreira psicológica que vez ou outra construo ao me deparar com obras artísticas onde verifico grande ação midiática, como se a intenção desta fosse enfiar goela abaixo esse ou aquele filme, livro, cantor, etc., e pelo meu gosto mais voltado para manifestações artísticas alternativas. Entretanto, com o desenrolar das cenas, esse “muro” foi desmoronando e, antes da metade do filme, eu já estava totalmente imerso no universo de Pandora, uma das luas do planeta fictício Polifemo e onde ocorre toda a estória de Avatar.

A palavra avatar tem sua origem no sânscrito, significando “descida”, “aquele que descende de Deus”, “encarnação”. Com maior relação com a religião hindu, avatar seria uma manifestação corporal de um ser imortal, um deus, principalmente os deuses supremos cultuados pelos hinduístas. Entretanto, com o tempo, outros povos e religiões também usam o termo quando se referem a manifestações terrestres de espíritos em corpos de carne. Esse é o sentido utilizado para a palavra no título do filme, uma vez que um dos fatores principais e mais presente é o uso de corpos geneticamente modificados e controlados remotamente e que são uma hibridização do DNA humano com o DNA Na'Vi, povo humanóide que mede 3 metros de altura, possui cauda, ossos reforçados com fibra de carbono e uma pele azulada bioluminescente, sendo esses corpos chamados de avatares e utilizados para possibilitar a exploração do território pandoriano, já que humanos não possuem capacidade de respirar na atmosfera do planeta, rica em dióxido de carbono, metano e amônia, além de facilitar a aproximação humana com o povo Na'Vi.

Ao refletir sobre o filme, lembrei imediatamente do que as aulas de História ensinaram sobre os povos pré-colombianos, em especial incas, maias e astecas, comparando-os, até certo ponto, com o povo Na'Vi. Ao analisar e comparar a história dos nativos pré-colombianos com a estória dos nativos de Pandora verifiquei pontos e traços interessantes, alguns análogos, outros apenas com leves semelhanças, mas que, tendo um prévio conhecimento de História e certo olhar peculiar sobre o filme, possibilitam encaixe de alguns fatos.

Inicialmente, comparei os humanos do filme aos colonizadores e navegantes europeus, ao passo que o povo Na'Vi foi comparado aos povos pré-colombianos. Tal comparação se baseia em três fatos: primeiro, que os europeus da História passaram a realizar suas navegações com o objetivo de obter novas riquezas e recursos, sobretudo ouro, especiarias e madeiras, tal objetivo exemplificado metaforicamente na lenda do El Dourado, cidade toda construída em ouro maciço que se acreditou está localizada em algum ponto no México, na Venezuela, Guiana ou até no Brasil, entre outras localidades das Américas (aliás, acredito que nunca uma cidade mudou tanto de localização como o El Dourado), enquanto os humanos de Avatar passaram a desbravar Pandora em busca do Unobtainium, precioso minério, cuja maior reserva está localizada sob a aldeia de um dos clãs daquele planeta; segundo, pois, tal como os povos pré-colombianos, os Na'Vi dividiam-se em clãs ou tribos, cada qual com territórios e características culturais e políticas próprias, e possuíam sua religião, esta bem diferente da de seus desbravadores, com seu panteão de deuses, dentre eles Eywa é a mais importante, representando o equilíbrio gerado pela interação de todos os seres vivos por meio de uma rede de milhões de conexões neurais, sendo, portanto, representação da própria Natureza; e, em terceiro lugar, pelo próprio embate que houve, em ambos os casos, pela defesa dos recursos ambicionados e pela sobrevivência da cultura e do próprio estilo de vida de pré-colombianos e Na'Vis, com, nos dois casos, os exploradores detendo um arsenal bélico e conhecimento tecnológico superior ao dos nativos.

Também vale notar que, embora em minha comparação Na'Vis e pré-colombianos estejam relacionados da mesma forma como humanos e europeus, nossos nativos eram mais desenvolvidos sob a ótica tecnológica e estrutural, já que dominavam com certa perfeição técnicas como agricultura, astronomia, comércio, cerâmica, ourivesaria, arquitetura e certa engenharia primitiva, ao passo que os Na'Vis eram povos que viviam em árvores gigantescas e sobreviviam da coleta e da caça, sendo, também, povos guerreiros. Mesmo assim, ambos tinham sua divisão social, com líderes e sacerdotes especificados e uma linha de sucessão definida, além de lendas sobre guerreiros que unificariam os clãs e tribos e derrotariam seus algozes.

Importante, também, é analisar os desfechos do filme e de nossa história. Na ficção, o final é bem mais justo do que foi na vida real, pois, embora humanos possuam um arsenal tecnológico e bélico poderoso, são derrotados pelos Na'Vis, que são liderados por Jake Sully (Sam Worthington), um ex-fuzileiro naval confinado a uma cadeira de rodas que foi selecionado para o programa Avatar em substituição ao seu irmão gêmeo morto, pois possuía genoma idêntico ao deste e, consequentemente, compatibilidade com o Avatar já produzido para o irmão. Jake não possuía nenhum conhecimento de como usar o avatar e nem da cultura e língua Na'Vi, além de apresentar alguns traços de subversão, mas conseguiu ganhar a confiança de Neytiri (Zöe Saldaña) ao ser salvo por ela de um ataque de uma criatura nativa e após ser coberto por sementes da Árvore da Vida, significando que Eywa o havia escolhido para algo. Assim, Neytiri o leva para o seu clã, os Omaticaya, onde Jake passa a aprender sobre a cultura Na'Vi e torna-se um membro do povo, além de se apaixonar por Neytiri. Quando as tropas humanas percebem que os Na'Vi não vão abandonar sua aldeia, iniciam um ataque destruidor e Jake, rejeitado pelos Na'Vi por ser considerado um traidor, domina a fera dos ares, Toruk, uma besta que só cinco Na'Vis conseguiram montar, iniciando, assim, a unificação dos clãs Na'Vi para possibilitar a derrota dos humanos, contando, ainda, com a ajuda de Eywa, que envia a fauna de Pandora para ajudar na batalha, quando esta parece perdida.

Na vida real, o cenário foi diferente. Pré-colombianos foram dizimados pelo poder de fogo superior dos europeus, embora apresentassem um maior número. Fator crucial nessa derrota foi o fato de que os nativos americanos, especificamente os astecas, terem acreditado que Hernan Cortés e seu grupo de conquistadores era a realização de uma profecia que rezava a volta do deus Quetzalcoatl do exílio para vingar-se e reclamar a cidade de Tenochtitlán, o que confundiu Montezuma, imperador asteca, e propiciou aos espanhóis dizimarem o povo asteca, mesmo estando em menor número.

Outro fato que me chamou atenção no filme, foi a maneira como é retratada a relação do homem com a Natureza. É visível que esta relação se dá de uma forma predatória, onde o homem subjuga a Natureza em favor de suas cobiças. Assim, Avatar pode representar uma projeção do que virá a ser o destino da humanidade, reservando-se, claro, as proporções da realidade, pois o filme, como megaprodução que é, busca causar impacto no expectador por meio do fantástico, tornando a realidade mais utópica. Mesmo assim, pode-se ver, apenas canalizando um pouco mais a atenção, que aspectos do filme, como a busca por riqueza em outros territórios, no caso em Pandora, ocasionada pelo esgotamento das riquezas da Terra, apresentam semelhanças com a maneira com a qual a humanidade age atualmente, procurando e explorando até a escassez as riquezas encontradas e, após o esgotamento destas, indo procurá-las em lugares cada vez mais difíceis de serem acessados, sempre deixando um rastro de desmatamento, poluição e desrespeito à Natureza, extinguindo espécies animais e riscando do mapa grupos étnicos que se apresentam frente aos seus objetivos.

Logo, espero que possamos aprender não apenas com este filme ou outros que virão, mas, principalmente, com nossos próprios atos e erros, para que, no futuro, possamos desenvolver nossas atividades econômicas e sociais de maneira sustentável, não apenas em relação à Natureza, mas também em relação à outras raças, crenças e culturas, pois, do contrário, será necessário um Jake Sully comandar uma pequena legião de guerreiros e, com a benevolência de Deus, fazer-nos engolir nosso poderio e nossa cobiça.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Resenha Cultura Organizacional e Cultura Brasileira

Nome do Livro: Cultura Organizacional e Cultura Brasileira
Editora: Atlas
Edição: 1ª edição (1997), 7ª Tiragem
Organizadores: Fernando C. Prestes Motta (foi professor titular na Escola de Administração de Empresas de São Paulo – FGV e professor livre-docente da Universidade de São Paulo; seus campos de pesquisa e docência têm sido Administração de Empresas, Administração Pública e Administração da Educação, pelos quais já publicou cerca de 50 trabalhos entre livros, artigos, comentários e resenhas) e Miguel P. Caldas (é graduado em Administração pela UnB, mestre e doutor em Administração pela EAESP – FGV, de onde é professor).
Preço: entre R$ 60,00 e R$ 70,00.
Após uma pausa para as comemorações de Natal e Réveillon e para a análise do que foi feito no ano que terminou, além de projeções do que queremos realizar nesse novo ano, nada melhor do que iniciar 2010 enriquecendo nosso conhecimento, já que estamos em plena Era da Informação, onde só se desenvolvem plenamente como pessoas e profissionais aqueles que obtêm os conhecimentos adequados e, mais importante que isso, sabem utilizá-los da melhor forma. Por isso, irei comentar um pouco sobre o livro Cultura Organizacional e Cultura Brasileira, obra organizada por Fernando C. Prestes Motta e Miguel P. Caldas. Li o livro em setembro de 2009, movido, em primeiro lugar, pelo meu interesse por cultura (que ficou excitado ao verificar o quanto a cultura de uma organização brasileira é influenciada pelas manifestações da cultura nacional) e, como segunda motivação, mas não menos importante, por ter utilizado conceitos apresentados no livro na elaboração de um projeto de pesquisa que busca analisar os resultados gerados pelo Programa de Qualidade na Gestão do Estado do Pará (PQG) à luz das influências da cultura nacional sobre a maneira como é direcionada a administração pública no Brasil.
A obra, dividida em seis partes, totaliza 19 textos e conta com a participação de 25 autores, além de Caldas e Motta, seus organizadores. Nela, é apresentada uma análise de como o contexto social e cultural nacional influenciam na construção do comportamento presente nas organizações brasileiras em seus diferentes níveis hierárquicos. Rico em conhecimento, o livro apresenta todo um contexto histórico-social de criação da sociedade brasileira e dos traços que a caracteriza, estabelecendo de que forma tais traços adentram nas organizações e como se manifestam. Porém, antes de me aprofundar na análise da obra, convém apresentar um pouco do tema e destacar sua importância, sobretudo para estudantes e profissionais das Ciências Sociais.
       Estudos sobre cultura organizacional são relativamente recentes, passando a aparecerem com maior frequência no mundo a partir dos anos 1980, quando a globalização passou a se intensificar, sobretudo com o maior acesso a novos mercados pelas empresas multinacionais, embora no final da década de 1960 e durante a década de 1970 terem se destacado os trabalhos de Geert Hofstede e Edgard Shein, que utilizavam conceitos e pressupostos da psicologia social e da antropologia para analisar e gerar conclusões sobre a formação e manifestação do comportamento organizacional. A influência exercida pela globalização nessa perspectiva organizacional que foi vista, em seu início, como mais um modismo dentro do estudo das organizações, consolidando-se mais tarde como importante linha de pesquisa, foi a necessidade de conhecer questões relacionadas à cultura de determinadas regiões para assim poder conceber os melhores modelos de gestão, tornado eficiente os procedimentos adotados na prática gerencial e gerando os melhores resultados, lógica e razão de ser da Administração. Entretanto, o Brasil só veio atentar para a importância do tema a partir do final da década de 1980 e inicio de 1990, e mesmo assim ainda com fraca aplicabilidade no contexto nacional, pois nessa e em muitas áreas ainda predomina a dominação de teorias e técnicas estrangeiras não adaptadas às nossas peculiaridades, quando aquelas deveriam servir apenas como ponto referencial para podermos construir conhecimentos voltados para nossa realidade, ponto onde a obra aqui analisada constitui-se rara exceção.
Ora, o conceito consagrado para cultura sugere esta como sendo um sistema de crenças, costumes, ideologias, valores, leis, rituais, símbolos e estilos de vida que contém uma série de significações e interpretações da realidade, sendo compartilhado por um grupo de pessoas. Na verdade, essa cultura é formada por um determinado grupo de subculturas que interagem entre si dentro de um grupo definido de pessoas, como, por exemplo, a cultura brasileira, que possui suas particularidades regionais, mas no seu todo apresenta traços fortes e bem definidos que caracterizam a maioria dos brasileiros, servindo, inclusive, de meios pelos os quais uma pessoa se assume brasileiro, sendo este o ponto de partida para a explanação, ou melhor, para as explanações apresentadas no livro.
Motta e Caldas consideraram a importância de se compreender a diversidade cultural para após usá-la na geração de valor para a organização, seja esta pública ou privada. Para possibilitar tal compreensão, eles utilizam-se da análise da cultura nacional, pois é bem demonstrado no livro como esta influencia na cultura de uma organização. O conceito de cultura organizacional parte do axioma de que uma organização é formada por um conjunto de pessoas que compartilham objetivos comuns ou, pelo menos, dependentes. Assim, uma organização não existe sem pessoas e estas possuem culturas próprias, adquiridas no meio onde vivem e por suas experiências de vida, que são levadas para dentro da organização e, uma vez dentro desta, interagem com outras culturas presentes originando a cultura organizacional, que é a reunião de traços culturais presentes na organização que passam a ser compartilhadas pelas pessoas por meio de rituais, valores e crenças disseminadas, além de normas, linguagens, formas de comunicação e símbolos, que ajudam a afirmar e reafirmar a cultura adotada pela organização.
            Caldas e Motta utilizam-se do pressuposto de que os indivíduos adotam traços particulares da cultura brasileira para se enxergarem como brasileiros e tais traços são transferidos para seu ambiente de trabalho, o que influencia diretamente a formação da cultura organizacional, criando assim estilos brasileiros de administrar e também de ser gerenciado. Segundo eles, esses traços possuem como origem todo um desenvolvimento histórico, econômico e antropológico que se deu desde a chegada dos colonizadores em nosso solo, passando pelo tráfico negreiro, Proclamação da República, Golpe Militar, entre outros fatos. Destaca-se nesse processo de formação da cultura brasileira e, posteriormente, da cultura de nossas organizações, o papel do português, raça que exerceu influência por um longo período de tempo, principalmente com o que é considerado no livro como falta de orgulho de raça (capacidade de hibridização portuguesa ocasionada pelo constante contato dos povos da Península Ibérica com diversos outros povos, principalmente mouros, e que encontrou em solo brasileiro condições propicias à sua continuidade), com a inclinação para exaltação da sexualidade e com o paternalismo herdado a partir da vinda da Coroa portuguesa em 1808, trazendo consigo uma legião de pessoas que eram alocadas em cargos específicos apenas para manterem seu status quo e receberem uma fatia do Tesouro sem nenhuma contribuição efetiva para o reino que se instalava, hoje refletindo no repudiado nepotismo e apadrinhamento de aliados políticos.
            Nas diversas fases passadas pelo “Impávido Colosso”, verifica-se uma alternância na detenção do poder, nos objetivos das políticas públicas e nos referenciais adotados (no príncipio em Portugal, depois França e Inglaterra e, relativamente mais recente, Estados Unidos). Tais fatos influenciaram cabalmente a formação do imaginário nacional, que é apresentado no livro pela maneira como vemos as figuras do estrangeiro e do pai, por nossa flexibilidade e criatividade (exemplificadas no jeitinho brasileiro e na maneira como encaramos o termo “malandro”) e, também, por nossos paradoxos. Segundo o livro, o brasileiro é caracterizado por traços como a distância do poder, o personalismo, a malandragem, o sensualismo, o espírito aventureiro e o formalismo, que são apresentados em seis partes: Cultura, cultura organizacional e cultura brasileira; Cultura organizacional brasileira e figuras recorrentes: o "estrangeiro" e o "pai'; Imaginário brasileiro e cultura organizacional; A cultura organizacional e o cotidiano nas organizações brasileiras; Cultura organizacional e cultura popular brasileira: futebol, samba e Salvador da Bahia; e Reflexões: cultura organizacional e nossas organizações.
            Os autores do livro consideram que no Brasil as organizações apresentam alta distância do poder quando analisamos a relação líder-liderado, fruto, principalmente, do sistema escravocrata adotado no passado, onde o senhor convivia constantemente com seus escravos, porém existia a separação dos dois mundos, representada pelo simbolismo da casa-grande e da senzala. Também citam como exemplo o carnaval, manifestação de origem popular que a elite passou a adotar e onde as diversas classes sociais, embora compartilhem o mesmo espaço, estão separadas, distantes: a elite como destaque no alto dos carros alegóricos e os menos abastados abaixo, desfilando na avenida, formando um de nossos tantos paradoxos. O personalismo também apresenta antíteses, pois, sendo a busca por relações pautadas no afeto, no domínio moral e econômico, é o avesso da distância de poder, porém não tem pretensão e condições de extingui-la. Na verdade, é a busca pela aproximação por meio de gostos em comum, laços afetivos, morais ou econômicos para estabelecimento de uma rede de relacionamentos capaz de nos trazer benefícios, que se manifesta no paternalismo, apadrinhamento, nepotismo, coronelismo e desigualdade no tratamento dos indivíduos, pelo lado negativo, e pela nossa celebrada hospitalidade e solidariedade, na outra face da moeda.
            Na análise apresentada pelo livro, tem espaço especial um traço que é exaltado por uns e condenado por outros: a malandragem, ou, na sua forma eufemística, o jeitinho brasileiro, utilizado para adquirir vantagens, apresentar soluções e, mais ainda, como meio de navegação social, pelo o qual nos adaptamos às situações e, geralmente, as revertermos a nosso favor, as vezes de maneira benéfica, outras em forma de corrupção. Aliás, o jeitinho implica no formalismo, que é a necessidade de colocar todos os assuntos com defesa em lei, uma vez que a malandragem cria mecanismos para burlar leis, ocasionando a necessidade de sanção de novas legislações, originando o enorme número de leis existentes no papel sem efeitos na prática. Ademais, somos apresentados com maior inclinação para os sonhos do que para a disciplina e com grande tendência à aversão ao trabalho metódico ou manual, o que caracteriza nosso espírito aventureiro, herdado, em grande parte, dos colonizadores portugueses, que eram grandes navegadores e escravocratas. Um exemplo é a nossa consideração de que trabalhos braçais são menos nobres e dignos do que outros tipos de atividades, herança do sistema escravocrata, onde tais atividades eram exercidas pelos escravos.
            Pelo o que foi apresentado até agora, o leitor pode formar uma opinião de que o livro destaca apenas os lados negativos de nossa cultura, o que não é verdade. Acredito que o principal objetivo de Caldas e Motta ao organizarem os artigos que compõem o livro era apresentar argumentos e fatos observados que nos permitam desenvolver nosso senso crítico e analítico, refletindo sobre a realidade e a forma como esta se formou para, a partir daí, poder agir sobre ela e modificá-la, utilizando nossa capacidade de lidar com o ambíguo e com o miscigenado para transformar problemas em soluções, pontos fracos em pontos fortes e ameaças em oportunidades, não só adaptando ou dando um “jeitinho” nos fatos e situações, mas agindo ativamente sobre a realidade. Para tanto, destaco os capítulos 5 (Gerência e autoridade nas empresas brasileiras: uma reflexão histórica e empírica sobre a dimensão paterna nas relações de trabalho, Eduardo Paes Barreto Davel e João Gualberto M. Vasconcelos), 13 (Cultura brasileira e organização cordial: ensaio sobre a Torcida Gaviões da Fiel, André Lucirton Costa), 14 (A cultura brasileira revelada no barracão de uma escola de samba: o caso da Família Imperatriz, Sylvia Constant Vergara, Cintia de Melo Moraes e Pedro Lins Palmeira) e 19 (Compreendendo as organizações latino-americanas: transformação ou hibridização?, Marta B. Calás e Maria Eugenia Arias) como excelentes pontos referenciais nesse processo de compreensão da sociedade brasileira.

Fora, Temer!