sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Arenas públicas & vida associativa: perspectivas de abordagem

Em novembro de 2015, o Grupo de Pesquisa Estado, Territórios, Trabalho e Mercados Globalizados (GETTAM) organizou, com o apoio do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido da Universidade Federal do Pará (PPGDSTU/NAEA/UFPA), o Seminário Internacional América Latina: política e conflitos contemporâneos – SIALAT 2015. O evento, de acordo com sua organização, objetivava "[...] criar um espaço de reflexão, e de interpretação, sobre as transformações que vem ocorrendo em diferentes países da América Latina em função de avanço dos interesses de mercado sobre os territórios ocupados e seus recursos naturais, evidenciando o crescimento de conflitos e de lutas sociais".
Participei dessa contribuição para ampliar o debate e a compreensão sobre as transformações e os conflitos ocorrentes na Pan-Amazônia e América  Latina, assistindo algumas de suas conferências e mesas redondas, e apresentando o trabalho a seguir em uma das sessões do Grupo de Trabalho 08 - Pensamento social na Pan-Amazônia e imaginário latino-americano.


Em caso de citações, recomendo o uso da seguinte referência:

FERREIRA JÚNIOR, A. Arenas públicas & vida associativa: perspectivas de abordagem. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL AMÉRICA LATINA: políticas e conflitos contemporâneos, I, 2015, Belém. Anais... Organização de Edna Maria Ramos de Castro et al. Belém:  GETTAM - NAEA - UFPA, 2015. p. 1665-1676. Disponível em: <http://produtoracolaborativa.com.br/sialat2015/wp-content/uploads/2015/12/SEMINARIO-SIALAT.pdf>.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O ringue sociológico

Para o filósofo e sociólogo francês Pierre Félix Bourdieu (1930-2002), "não há democracia efetiva sem um verdadeiro contra-poder crítico". Esta afirmativa, que pincei de um texto de Thomas Ferenczi publicado originalmente no jornal francês Le Monde dois dias após o falecimento de Bourdieu, que também era articulista do jornal, pode ilustrar bem como o professor do Collège de France percebia a ideia do intelectual crítico e sua importância para a sociedade.
Frequentemente referindo-se à sociologia como um esporte de combate, espaço para luta e conflito, o que reflete sua concepção teórica de campo social, não se pode negar que Bourdieu, em que pese as críticas que possam (e devem) ser feitas à sua obra, foi um intelectual de combate, engajado social e politicamente, e seu sucesso nos meios acadêmicos – há quem diga que ele é o autor mais citado em todo o mundo , pode ter grande correlação com essa concepção das ciências, em especial a social, da qual extraía táticas de ocupação de lugares de fala e de elaboração de programas de pesquisa e de publicações.
Inspirado nesta concepção, o cineasta francês Pierre Carles acompanhou Bourdieu durante três anos (1998-2001), filmando-o em entrevistas para rádio e TV, palestras, manifestações, etc., com o objetivo de compreender suas posições teóricas e o processo de criação de sua "revolução simbólica" e de sua forma de desmascarar a realidade social, isto é, de apresentar os meios de produção desses processos de crença, denegação e ilusão que os poderes constituídos costumam produzir. Daí surge o documentário A sociologia é um esporte de combate (La sociologie est un sport de combat, no original), lançado em 2 de maio de 2001, que vocês podem assistir abaixo, via o canal de vídeos do cardgame Lutas Simbólicas, cuja base referencial é a obra do filósofo e sociólogo francês.

Van Gogh, a Tragédia e a Cor: The Yellow House (The Street)

The Yellow House (The Street), 1888, Vincent van Gogh (1853-1890)

"É uma coisa admirável olhar um objeto e achá-lo belo, pensar nele, retê-lo, e dizer em seguida: vou desenhá-lo, e trabalhar então até que ele esteja reproduzido.
Naturalmente, contudo, esta não é uma razão para que eu me sinta satisfeito com minha obra a ponto de acreditar que não precisaria melhorá-la. Mas o caminho para fazer melhor mais tarde é fazer hoje tão bem quanto possível, e então naturalmente haverá progresso amanhã".
(Vincent van Gogh, Haia, abril de 1882)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O artesanato de miriti e os espaços públicos da cidade de Belém (capítulo de livro)

Amanhã (12/01), Belém, capital do Pará, completará 400 anos da construção de um forte às margens da Baía do Guajará, acontecimento tido como o marco temporal da fundação da cidade e que por isso define seu aniversário. É uma data redonda que, como tal, tem levado a diversas programações (oficiais, oficiosas e alternativas) de comemoração e/ou reflexão crítica sobre a cidade. Por enquanto, não entrarei no mérito de discutir a qualidade, a quantidade e a intencionalidade dessas programações, atitude necessária, vale ressaltar, que vem sendo tomada por diversas pessoas nestes tempos - por algumas, desde tempos antes deste -, com as quais entro em acordo em diversos pontos. Deixo para outro momento a expressão de uma reflexão um pouco mais profunda sobre o tema, talvez colocando-a aqui neste espaço, mas com certeza levando-a para a rua, onde deve estar todo o pensamento que se pretende crítico (não compreendo os intelectuais críticos que supostamente desejam forjar contra-poderes que temem elas, as ruas, que, como eu lhes disse outrora, são mães de toda a Sabedoria).
Portanto, hoje, acho importante destacar o óbvio: Belém não é vivida, concebida e percebida somente por quem é belenense ou nela vive, e por isso não há impedimento para uma ligação íntima com a cidade dessas muitas pessoas que não vivem cotidianamente Belém, e igualmente não há impedimento para a contribuição dessas pessoas para que Belém seja Belém, principalmente uma Belém melhor. Por isso, deixo abaixo um texto que fala sobre um grupo social que vive nossa cidade um pouco mais de longe, do ponto de vista físico, do que nós, que aqui moramos, mas que nutre afetos por Belém, e de como ocorre a produção social de alguns espaços públicos desta cidade durante a festa do Círio; tais espaços têm em comum o fato de serem locais para onde fluem essas pessoas, conhecidas como artesãs e artesãos de miriti de Abaetetuba, cidade distante cerca de 70 km da capital, que presenteiam anualmente a cidade com um dos principais símbolos de sua principal festa, os Brinquedos de Miriti de Abaetetuba, que são uma festa do olhar, como já disse o poeta J. J. Paes Loureiro, dentro da festa da Naza.




Sobre o texto: Este é o quinto capítulo do livro Sociedade, campo social e espaço público, organizado pelos professores Edna Maria Ramos de Castro e Silvio Lima Figueiredo e publicado pela editora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), inaugurando a série "Desenvolvimento e sustentabilidade".
No livro constam trabalhos de pesquisa de professores e discentes do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU), do NAEA, elaborados numa perspectiva interdisciplinar com contribuições teóricas e metodologias trazidas por disciplinas da grande área de humanidades, dividindo-se em três partes: (1) estudos sobre transformações sociais, econômicas e territoriais; (2) artigos que tratam da área da comunicação e informação sob várias perspectivas e recortes temáticos; e (3) discussões de questões relativas à desigualdade social, políticas públicas e modelos de gerenciamento de bens e recursos públicos.
Localizado na primeira parte do livro, este capítulo demonstra a produção dos espaços usados pelos chamados artesãos de miriti de Abaetetuba durante os festejos do Círio de Nazaré, que ocorrem anualmente no mês de outubro, em Belém, capital do Pará, apresentando as diferenças entre esses espaços da cidade e suas consequências para os artesãos.


Em caso de citações, recomendo o uso da seguinte referência:
FERREIRA JÚNIOR, A.; FIGUEIREDO, S. L. O artesanato de miriti e os espaços públicos da cidade de Belém. In: CASTRO, E. M. R.; FIGUEIREDO, S. L. (Org.). Sociedade, campo social e espaço público. Belém: NAEA, 2014. p. 74-88.

Fora, Temer!