por Poeta Sérgio Vaz, no livro "Literatura, pão e poesia" (Global Editora)
A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.
A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.
A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para
a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da
aula.
Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção.
Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a
sensibilidade que nasce da múltipla escolha.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer.
Da poesia periférica que brota na porta do bar. Do teatro que não vem
do "ter ou não ter...". Do cinema real que
transmite ilusão. Das Artes Plásticas, que, de concreto, quer
substituir os barracos de madeiras. Da Dança que desafoga no lago dos
cisnes. Da Música que não embala os adormecidos. Da Literatura das
ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Banksy, London, 2011 |
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a
arte vigente não fala. Contra o artista surdo-mudo e a letra que não
fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão.
Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua
com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um
artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só
exercita a revolução.
Contra a arte
domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da
poltrona. Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus,
teatros e espaços para o acesso à produção cultural. Contra reis e
rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado. Contra o capital que
ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? "Me ame pra
nós!". Contra os carrascos e as vítimas do sistema. Contra os covardes
e eruditos de aquário. Contra o artista serviçal escravo da
vaidade. Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada. A
Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.
É TUDO NOSSO!
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