quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sobre Luciana Genro e o êxito do capitalismo

Eis a tragédia. Desfrute-a. Ou não.



Analisando puramente a retórica, Luciana Genro sempre eleva o nível dos debates e das entrevistas das quais participa, mesmo quando tais entrevistas têm como leitmotiv, no sentido que a dramaturgia dá a esse termo, tomar entrevistado e espectador por imbecis.
Nessa entrevista em particular, no entanto, discordo de um ponto levantado pela candidata: de que o capitalismo falhou em todos os confins e circunvizinhanças do planeta onde instalou-se.
Pelo contrário: se levarmos em consideração a essência própria desse sistema econômico, resumida por Robert Gilpin como a criação congênita e necessária para sua reprodução de ganhadores e perdedores, e acrescida, dentre tantos outros elementos, da pregação e da assunção com pouca criticidade de que a meritocracia pretensamente corrigiria os efeitos de lógica tão nefasta, o capitalismo - e isso é duro de reconhecer - obteve êxito. Mas - e enfatizo este porém -, obteve êxito pura e estritamente nos termos que lhe são próprios: exploração, alienação, exclusão, acumulação, subsunção, etc.
Dessa forma, e estimulado pela utopia concreta que a candidata cita durante a entrevista, permito-me lembrar das palavras proferidas por Don Durito de la Lacandona sobre o neoliberalismo, mistério eucarístico do capitalismo contemporâneo:
"Vocês pensam que o “neoliberalismo” é uma doutrina do capitalismo para enfrentar as crises econômicas que o mesmo capitalismo atribui ao “populismo”. Certo? [...]
- Claro que certo! Bem, resulta que o “neoliberalismo” não é uma teoria para enfrentar ou explicar a crise. É a crise mesma feita teoria e doutrina econômica! É dizer que o “neoliberalismo” não tem a mínima coerência, não tem planos nem perspectiva histórica. Enfim, pura merda teórica."


Com farinha e sem açúcar,

Açaí ou Barbárie.

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Fora, Temer!