quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sua-vida-de


Guernica, 1937, Pablo Picasso (1881-1973)

Não quero mais essa suavidade
De liberdade escravizando minha mente
Cansei de viver com olhos fechados pra cidade
E vendo os braços cruzados dessa gente

Não anseio essa
Sua
Vida
De
Submissão demente
Sem rua, sem lida, sem mocidade

Quero melodias em sol maior de revolução,
Um brado lunático que prove
Que este poeta de merda leva no coração
Amor diplomático e fúria-molotov

Desejo ser um enredo de mangue beat,
Lampião zapatista de nossos subúrbios,
Guerrilheiro além de um simples tweet,
Direct message na cara dos momios!

Dá-me asco teu ativismo de sofá,
Sofativismo sem sentido para o amanhã.
Teu discurso-barbitúrico, Rebelde-Lexotan,
Meus versos irão estricninar!

De que vale essa sua vida de ramelão?
Buscai a primavera árabe na chuva amazônica
Que seguirei com irreverência e inquietação
Sendo rueiro, vagabundo e marginal
A pelejar contra a moral babilônica,
Pois já rompi há tempos com o Gardenal.

O bater da água do rio é violento
Ou são suas beiradas que a oprime?
Não se cala a pergunta, mesmo assim permaneço avante
Sob o som do tambor Ashanti
A sonorizar meu movimento
Para fazer tremer quem me subestime

Há quem não entenda minha sinceridade,
Meu sonho de Che Guevara papa-xibé,
Mas continuo em pé
Com fé
                                   E assim permaneço até
Entenderes que não me cai bem essa suavidade.

Belém/Pa, 24 de maio de 2012
(Dom Aquiles Crowley)

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Fora, Temer!