Para o filósofo e sociólogo francês Pierre Félix Bourdieu (1930-2002), "não há democracia efetiva sem um verdadeiro contra-poder crítico". Esta afirmativa, que pincei de um texto de Thomas Ferenczi publicado originalmente no jornal francês Le Monde dois dias após o falecimento de Bourdieu, que também era articulista do jornal, pode ilustrar bem como o professor do Collège de France percebia a ideia do intelectual crítico e sua importância para a sociedade.
Frequentemente referindo-se à sociologia como um esporte de combate, espaço para luta e conflito, o que reflete sua concepção teórica de campo social, não se pode negar que Bourdieu, em que pese as críticas que possam (e devem) ser feitas à sua obra, foi um intelectual de combate, engajado social e politicamente, e seu sucesso nos meios acadêmicos – há quem diga que ele é o autor mais citado em todo o mundo –, pode ter grande correlação com essa concepção das ciências, em especial a social, da qual extraía táticas de ocupação de lugares de fala e de elaboração de programas de pesquisa e de publicações.
Inspirado nesta concepção, o cineasta francês Pierre Carles acompanhou Bourdieu durante
três anos (1998-2001), filmando-o em entrevistas para rádio e TV, palestras, manifestações,
etc., com o objetivo de compreender suas posições
teóricas e o processo de criação de sua "revolução simbólica" e de sua forma de desmascarar a realidade social, isto é, de apresentar os meios de produção desses processos de crença, denegação e ilusão que os poderes constituídos costumam produzir. Daí surge o documentário A sociologia é um esporte de combate (La sociologie est un sport de combat, no original), lançado em 2 de maio de 2001, que vocês podem assistir abaixo, via o canal de vídeos do cardgame Lutas Simbólicas, cuja base referencial é a obra do filósofo e sociólogo francês.
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