sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Quase um Quibungo


Imagem de Fido Nesti
Lembro de dois bandidos que viviam no Benguí, na mesma periferia em que vivi quando criança. Nunca soube seus verdadeiros nomes e só recordo que um atendia pela alcunha de Costela, enquanto o outro respondia pelo vulgo de Cola.
Era um terror vê-los pelas ruas, ao que saía correndo para dentro de casa, assustado, indo esconder-me embaixo da cama, ou da saia da mãe. Não sei bem ao certo, mas acho que eles sabiam desse terror que causavam na molecada e que isso fazia bem para esse banditismo scienciano que cultivavam por questão de classe.
Outro dia, fiquei sabendo que Costela morreu - não sei ao certo se pelo papo-amarelo dos macacos, ou se por mão de semelhante nas diferenças (quiçá, pelo próprio punhal que um dia pode ter presenteado Cola). Entretanto, com certeza foi por nossa covardia e nossa paralisação ante essa ação dessocializante que cultivamos dia após dia.
Há alguns meses atrás, saindo de uma reggada noite em frente ao rio, encontrei Cola guardando carros no estacionamento. Parei para trocar algumas ideias, e quando lhe segredei meu medo de infância, ele ofereceu-me um cigarro.

(Amarildo Ferreira Júnior)
Belém/PA 21 de janeiro de 2012

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