Imagem de Fido Nesti |
Lembro
de dois bandidos que viviam no Benguí, na mesma periferia em que vivi quando criança. Nunca
soube seus verdadeiros nomes e só recordo que um atendia pela alcunha de
Costela, enquanto o outro respondia pelo vulgo de Cola.
Era um terror vê-los
pelas ruas, ao que saía correndo para dentro de casa, assustado, indo esconder-me
embaixo da cama, ou da saia da mãe. Não sei bem ao certo, mas acho que eles
sabiam desse terror que causavam na molecada e que isso fazia bem para esse
banditismo scienciano que cultivavam por questão de classe.
Outro dia, fiquei
sabendo que Costela morreu - não sei ao certo se pelo papo-amarelo dos macacos, ou
se por mão de semelhante nas diferenças (quiçá, pelo próprio punhal que um dia pode ter presenteado Cola). Entretanto, com certeza foi por nossa covardia e nossa
paralisação ante essa ação dessocializante que cultivamos dia após dia.
Há alguns meses atrás, saindo de uma reggada noite em frente
ao rio, encontrei Cola guardando carros no estacionamento. Parei para trocar
algumas ideias, e quando lhe segredei meu medo de infância, ele ofereceu-me um
cigarro.
(Amarildo Ferreira Júnior)
Belém/PA 21 de janeiro de 2012
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